Dr. Nikolas Heine
Bipolaridade é o nome leigo dado para um diagnóstico psiquiátrico chamado Transtorno Afetivo Bipolar, que é uma doença psiquiátrica relacionadas ao humor. É uma condição frequente e tratável.
Das doenças mais conhecidas relacionadas ao humor, temos o Transtorno Afetivo Bipolar e o Transtorno Depressivo, também chamado de unipolar.
Sintomas de bipolaridade
O transtorno afetivo bipolar é caracterizado pela alternância, as vezes súbita, de depressão e euforia, de graus variáveis.
Nos episódios de mania, podemos citar sintomas de: autoestima inflada (grandiosidade); redução da necessidade do sono; gastos excessivos; falar mais que o habitual; apresentar pressão no discurso, sendo difícil de interromper; distração, envolvimento com atividades de risco, como abuso de substâncias e atividades físicas de risco.
Além disso, a linha de raciocínio não é linear, ramificando muito o que quer falar, mas nunca chegando ao objetivo.
Nos episódios depressivo, os principais sintomas são: diminuição da disposição para a vida; aumento da necessidade do sono; retração e isolamento; tristeza profunda; falta de vontade para realizar atividades e pensamentos pessimistas, de menos valia e que trazem um ambiente de piora e risco.
Como é o episódio de depressão da pessoa bipolar?
Nos episódios de depressão, a pessoa costuma evitar o meio social, ficando mais retraída e isolada. É um período marcado por falta de cuidados higiênicos pessoais e com o ambiente, tristeza profunda e falta de vontade de realizar atividades. Se tornam menos sensíveis aos acontecimentos ao seu redor. Muitas vezes se tornam pessimistas e sem esperança no futuro, havendo risco de ideação suicida. O tempo de duração desses episódios pode ser de semanas, meses ou anos.
Como é o episódio de mania da pessoa bipolar?
A fase de mania é um estado psíquico muito instável. Durante essa fase é muito difícil manter a funcionalidade, pois há diminui da necessidade de sono, exposição a comportamentos de risco e intensificação de compulsões (alimentar, jogos, compras e desejos sexuais). Sua duração varia de semanas a meses.
Como é a transição entre mania e depressão no transtorno?
O que chama mais atenção no Transtorno Afetivo Bipolar é a capacidade que a pessoa tem de transicionar entre dois estados de humor. E, para certificar da compreensão, neste momento é importante diferenciar humor e afetos (animo)
Afetos são instáveis, voláteis, oscilam entre feliz e triste e se referem ao estado de animo momentâneo da pessoa. Isso é normal e esperado em todas as pessoas.
Por exemplo, se ganharmos algo que almejávamos, ficaríamos muito felizes. Porém, se algo de ruim acontecer, ficaríamos triste.
Humor costuma ser mais estável, perene, durador e seus extremos são a elação (euforia) e a depressão, que estão ligados à disposição para a vida.
Sendo assim, se eventualmente temos diversas coisas boas acontecendo, tendemos a ter o humor mais elevado.
Na bipolaridade a oscilação ocorre entre estados de humor ou seja, há mudança na disposição para a vida.
Como é feito o diagnóstico de bipolaridade?
Para diagnosticar a doença, é necessário realizar uma investigação médica através da anamnese de exame psíquico, que é usado para tentar identificar a condição logo no início, avaliando se há realmente no histórico dessa pessoa a presença de um evento de mania. Se for confirmado, determina que as alterações são tanto para o lado da depressão quanto para o lado da elação, diagnosticando a bipolaridade.
Como saber se uma pessoa tem transtorno bipolar?
O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra, requer uma boa anamnese, uma história clínica bem detalhada e exame psíquico também muito detalhado. Além de alguns exames clínicos laboratoriais, como exame de sangue, e de imagem para afastar outras patologias que poderiam gerar dúvidas.
Para uma pessoa leiga, o que pode chamar atenção é a alternância entre períodos de sintomas depressivos e períodos de impulsividade, com muitos desejos sexuais, gastos excessivos e necessidade de sono reduzida.
Quais os tipos de bipolaridade?
Na psiquiatria, só há um tipo de Transtorno Afetivo Bipolar, porém ele pode ter episódios de mania, depressão ou um estado misto.
Alguns ambulatórios e faculdades utilizam o sistema de classificação mais pormenorizado, onde eles dividem em diversos tipos de Transtorno Afetivo Bipolar. Isso não é a classificação diagnóstica habitual, sendo mais regional e específica.
O que sabemos sobre essa classificação é que é dividida em tipo 1, tipo 2 e tipo 3.
O tipo 1 é aquele que o paciente apresenta episódios de mania e como muitos sintomas expressivos e psicóticos (desconexos da realidade).
No tipo 2, o paciente apresenta episódios baixos ou moderados de mania, que não geram grandes alterações na vida da pessoa.
Já o tipo 3, são episódios de mania causados por medicação.
Nesta classificação, o mais grave é o tipo 1. Já na classificação utilizada na psiquiatria, podemos dizer que o mais grave seria o episódio de mania com sintomas psicóticos ou o episódio depressivo com sintomas psicóticos (desconexos da realidade).
Quais os perigos da bipolaridade?
Os perigos ocorrem quando a condição vem acompanhada de sintomas psicóticos, uma vez que a pessoa pode tomar decisões ou ficar presa a pensamos que trariam risco de vida. Então, quando se trata de um quadro de mania psicótica, é possível que o paciente ache que é invencível, se expondo a situações perigosas.
Podemos citar como outros perigos que, nos episódios de mania, a pessoa pode criar dívidas, quebrar cartões e fazer gastos excessivos, além das atividades sexuais excessivas que podem gerar alguma doença transmissível não curável.
No episódio depressivo grave, a pessoa pode parar de se alimentar, parar de cuidar da higiene, emagrecer de forma não saudável e ser acometida por infecções causadas pela falta de higiene e ate atentar contra a própria vida.
É possível ter uma vida normal com transtorno bipolar?
Com certeza! O Transtorno Afetivo Bipolar, quando bem tratado, não impede a pessoa de ter uma vida completamente normal. Podemos dizer que esse transtorno se apresenta com qualquer doença crônica, como a Diabetes por exemplo. Podem ocorrer crises por alguma razão, mas, se bem tratada, com medicamentos e doses adequadas, não gerará maiores complicações e ficará tudo bem.
Como é o tratamento? Tem cura?
O tratamento tende a ser muito longo. Após a fase inicial de identificação para um correto diagnóstico, se inicia o tratamento com medicações, sendo necessário regularizá-las para que tragam estabilidade no humor sem gerar os efeitos colaterais para o paciente. Por esse motivo, podem ocorrer trocas medicamentosas durante o processo, visando manter a estabilidade do humor. É priorizada sempre a ausência do quadro depressivo, garantindo que o paciente não esteja caminhando para quadros de mania.
Depois que o quadro estiver estável, é possível ter uma vida normal.
Em relação a cura, é difícil dizer, pois, depende do entorno e das dificuldades que essa pessoa pode eventualmente atravessar.
A suspensão ou diminuição medicamentosa, deve ser realizada exclusivamente sob orientação medica e sempre terá risco de, eventualmente, ocorrer alterações no humor.