Do intestino ao cérebro: os impactos da infecção por Entamoeba histolytica

Entamoeba histolytica

Transmitida principalmente pelo consumo de água e alimentos contaminados, a infecção por Entamoeba histolytica é mais comum em locais com condições sanitárias precárias. Continue a leitura e saiba como diagnosticar o quadro e as opções de tratamento disponíveis.

Entamoeba histolytica: o que é?

A Entamoeba histolytica é um protozoário que pode infectar o aparelho digestivo, sobretudo o intestino, causando amebíase. Em casos mais graves, a infecção pode se espalhar para órgãos como o fígado, pulmões e até o cérebro. 

Segundo um estudo presente no NCBI – National Center for Biotechnology Information, estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas no mundo desenvolvem sintomas da doença regularmente, sendo que 90% desses casos são assintomáticos. Além disso, a doença é mais comum em países com piores condições socioeconômicas.

 

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Como ocorre a transmissão da entamoeba histolytica?

A Entamoeba histolytica é transmitida quando uma pessoa ingere os cistos do parasita, que são uma forma resistente da ameba capaz de sobreviver no ambiente. Isso pode acontecer principalmente em locais com condições precárias de higiene e saneamento, pois os cistos são eliminados nas fezes de indivíduos infectados, podendo, nessas condições, contaminar água e alimentos. A infecção ocorre de algumas maneiras comuns: 

  • Água contaminada: beber água que entrou em contato com fezes infectadas pode transmitir a ameba. 

  • Alimentos contaminados: frutas, verduras e outros alimentos podem conter o parasita se forem lavados com água suja ou cultivados com fertilizantes à base de dejetos humanos. 

  • Contato direto: a transmissão também pode acontecer por meio do contato oral-anal com uma pessoa infectada. 

Uma vez dentro do corpo, os cistos se rompem e liberam a ameba ativa, que pode causar a doença e ser eliminada pelas fezes, continuando o ciclo de transmissão.

Sintomas da infecção por entamoeba histolytica

Os sintomas da infecção pela Entamoeba histolytica podem variar bastante. Em muitos casos, uma pessoa pode estar infectada sem apresentar nenhum sintoma. No entanto, quando há sintomas, os mais comuns são gastrointestinais, como diarreia, dor abdominal e presença de sangue e muco nas fezes. Em outros órgãos pode causar complicações, como:

Fígado

O abscesso hepático amebiano é a complicação mais frequente fora do trato intestinal. Ele pode surgir meses ou até anos depois da exposição ao parasita, especialmente em regiões endêmicas. Durante o exame físico, pode haver aumento do fígado e sensibilidade ao toque na região. Icterícia (pele e olhos amarelados) é um achado raro, presente em menos de 10% dos casos. Os exames laboratoriais podem indicar aumento dos glóbulos brancos (leucocitose), alterações nas enzimas hepáticas e inflamação no fígado.

Trato respiratório

Embora raras, as complicações pulmonares podem ocorrer quando a infecção afeta a pleura e os pulmões, causando dificuldade para respirar, febre e tosse. Em alguns casos, um abscesso hepático pode se romper e extravasar para cavidade torácica, provocando acúmulo de pus na pleura (empiema).

Infecção cardíaca

Essa é uma complicação ainda menos comum, ocorrendo quando um abscesso no fígado se rompe e atinge o pericárdio (membrana que envolve o coração). Isso pode levar à inflamação cardíaca (pericardite) e tamponamento cardíaco, uma condição grave que compromete o funcionamento do coração.

Infecção cerebral

Os casos de infecção no cérebro são extremamente raros, mas quando ocorrem, podem evoluir rapidamente, havendo ainda a possibilidade de morte. Os sintomas incluem dor de cabeça intensa, vômitos e alterações no estado mental, progredindo de forma prejudicial.

Quando procurar por um médico?

É importante consultar um médico sempre que houver sinais de infecção por Entamoeba histolytica, especialmente se os sintomas forem persistentes ou graves. A diarreia prolongada, principalmente quando acompanhada de dor abdominal intensa e presença de sangue ou muco nas fezes, é um dos principais sintomas de amebíase e exige atenção.

Como é o diagnóstico?

O diagnóstico pode ser feito por meio de exames que detectam a presença do parasita no corpo, especialmente nas fezes. Como nem sempre ele é facilmente identificado, os médicos recomendam a análise de pelo menos três amostras para aumentar a chance de um resultado preciso. Em muitas situações, o diagnóstico presuntivo com base nos sintomas também pode ser feito, portanto, sem a confirmação de exames.

Os principais métodos de diagnóstico podem incluir: 

  • Exame microscópico das fezes: identifica os cistos, que são formas resistentes do parasita, eliminados pelo corpo. Para isso, são usados procedimentos que ajudam a separar esses cistos do restante da matéria fecal, facilitando a visualização no microscópio. Em casos de infecções mais graves, a forma ativa do parasita, chamada trofozoíta, pode ser vista diretamente em amostras de fezes frescas. 

  • Antígeno: se trata de uma substância específica produzida pelo parasita que pode ser detectada em amostras de fezes e sua presença indica infecção ativa. Esse teste é rápido e mais sensível do que o exame microscópico das fezes. 

  • Testes sorológicos: exames de sangue podem ser úteis principalmente em casos de infecção extraintestinal (como abscesso hepático) e quando os exames de fezes não são conclusivos. Entretanto a sorologia não distingue entre infecção aguda ou antiga.  

Além disso, se necessário, também podem ser realizados exames de sangue e exames de imagem, como ultrassom e endoscopia.

Qual tratamento mais indicado?

O tratamento da amebíase é geralmente feito com antibióticos, sendo fundamental procurar um médico para que ele indique o medicamento mais adequado para cada caso.

Nos casos mais comuns, quando a infecção está restrita ao intestino e não apresenta complicações, o tratamento é geralmente feito com o antibiótico Metronidazol, que deve ser tomado, conforme a orientação médica. Além disso, em algumas situações, podem ser prescritos medicamentos para aliviar sintomas como náusea e vômito, como domperidona e metoclopramida.

Se a infecção for mais grave e atingir outros órgãos, como o fígado, além do uso de antibióticos, pode ser necessário um tratamento específico para tratar as lesões causadas pelo parasita. Por isso, a busca por atendimento médico é essencial para evitar complicações e garantir um tratamento eficaz.

Qual médico devo procurar?

Gastroenterologistas, infectologistas e clínicos gerais são os profissionais que podem diagnosticar e acompanhar a doença. 

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Fonte: Dra. Luisa Frota Chebabo - Infectologista

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