Autora: Dra. Maria Isabel de Moraes Pinto
Infectopediatria e Médica consultora em vacinas da Dasa
A hepatite B é causada por um vírus pertencente à família Hepadnaviridae, o vírus da hepatite B (HBV).
A hepatite B é a segunda maior causa de óbitos entre as hepatites virais. Prevenir-se contra esta infecção é essencial para reduzir as taxas de pessoas que se infectam a cada ano.
Entenda com o texto abaixo tudo sobre a doença, os sintomas e como se prevenir.
O que é hepatite B?
A hepatite B é um tipo de hepatite viral que acomete o fígado. É causada pelo vírus da hepatite B (HBV), que está presente no sangue e nas secreções. Além disso, a hepatite B também é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Um recém-nascido pode também se infectar devido a contato com sangue e secreções maternas durante o parto se esta mãe for portadora do vírus da hepatite B.
Na maioria dos casos que acontecem em adultos, a doença evolui de forma assintomática e o corpo elimina a infecção espontaneamente em até seis meses.
Quando a infecção permanece após esse período, mantendo a presença do marcador HBsAg no sangue, ela passa a ser considerada crônica.
Já as crianças podem evoluir para a hepatite B crônica com maior facilidade. Em crianças menores de um ano, esse risco chega a 90%; entre um e cinco anos, varia entre 20% e 50%.
Já nos adultos, cerca de 20% a 30% dos infectados cronicamente pelo vírus B da hepatite poderão desenvolver cirrose e/ou câncer de fígado.
Sintomas da hepatite B
Normalmente é uma doença assintomática, porém em alguns pacientes, na fase aguda da doença, os seguintes sintomas podem aparecer:
- Cansaço;
- Tontura;
- Enjoo e/ou vômitos;
- Febre;
- Dor abdominal.
Em parte dos pacientes pode ocorrer também a icterícia, em que a pele e os olhos ficam amarelados.
Como é o diagnóstico da hepatite B?
O diagnóstico da hepatite B é realizado por meio de testes laboratoriais que são capazes de identificar diferentes estágios da infecção pelo HBV como infecção aguda, infecção crônica, ausência de contato prévio com o vírus e resposta vacinal.
Quando se observa a presença do HBsAg no sangue, isto significa que a pessoa está infectada pelo vírus da hepatite B.
Desde 2011, o Ministério da Saúde distribui testes rápidos na rede pública de saúde. Pessoas que não foram vacinadas previamente e que tenham mais de 20 anos de idade podem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realizar o teste de hepatite B.
Como se contrai o vírus?
Como se contrai o vírus VHB?
A transmissão da hepatite B é geralmente por via parenteral, principalmente pela via sexual, sendo considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). O HBV pode ser transmitido por pele e mucosa, relações sexuais não protegidas com preservativos e por via parenteral (compartilhamento de agulhas e seringas, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos e outros). Líquidos orgânicos como sêmen e secreção vaginal também podem conter a presença do vírus.
Hepatite B é contagiosa?
Sim, de acordo com o Ministério da Saúde as formas de transmissão da doença são:
- Relações sexuais sem preservativo;
- Da mãe infectada para o filho, durante a gestação e o parto;
- Compartilhamento de materiais como seringas, agulhas e cachimbos;
- Compartilhamento de materiais pessoais como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam);
- Na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança;
- Por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente por cortes, feridas e soluções de continuidade);
Como se prevenir contra a doença?
A vacina da hepatite B é a melhor forma de prevenção contra a doença, uma vez que a imunização é muito segura e eficaz.
Além da vacinação, outras formas de prevenção também devem ser seguidas:
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure;
- Usar preservativos.
Qual a vacina hepatite B e quando tomar?
A vacina pode ser tomada independentemente da faixa etária. A imunização faz parte da rotina de vacinação das crianças. É recomendada a aplicação da primeira dose de vacina nas primeiras 12-24 horas após o nascimento, uma vez que 90% dos bebês que são contaminados ao nascer evoluem para a forma crônica da hepatite B. Para os não vacinados previamente com 3 doses, aplicar 3 doses com esquema (0, 1 e 6 meses).
Como é o tratamento hepatite B?
O médico poderá prescrever o uso de antivirais específicos para tratar a doença. Os tratamentos disponíveis atualmente não são capazes de curar a infecção, porém podem retardar a progressão da cirrose e reduzir a incidência de câncer de fígado.
Perguntas frequentes:
Quais são os primeiros sinais da doença?
Geralmente a hepatite B não se manifesta de maneira sintomática. Porém, o paciente pode apresentar sintomas de uma infecção viral inespecífica, com leves alterações gastrintestinais.
Hepatite B tem cura?
Não, a hepatite B não tem cura. Porém há tratamentos que possibilitam uma vida normal.
Quem tem hepatite B pode doar sangue?
Quem teve hepatite B após os 11 anos de idade está inapto a doar sangue.
Quando o exame de hepatite dá reagente?
Para a investigação de infecção pelo vírus da hepatite B são realizados diferentes testes. De acordo com os resultados sorológicos para hepatite B, o médico interpreta e dá o diagnóstico, conforme ilustrado na tabela abaixo.
Quais os riscos de contrair hepatite B na gravidez?
A hepatite B na gravidez pode ser perigosa tanto para a gestante, que pode desenvolver complicações no fígado, quanto para o bebê, pois há riscos de a mãe passar o vírus para o filho durante o parto.
Gestantes podem tomar a vacina da hepatite B?
Sim, a vacina não apresenta nenhum risco para a gestante ou para o bebê e previne a hepatite neonatal.
Fontes
Brazil – Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis do HIV/Aids e das Hepatites Virais. MANUAL TÉCNICO PARA O DIAGNÓSTICO DAS HEPATITES VIRAIS. 2018.
Brazil – Secretaria de Vigilância em Saúde e Ministério da Saúde. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DE HEPATITES VIRAIS. jul. 2020.
Ministério da Saúde. Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Disponível em: Aids.gov