Autora: Dra. Annelise Correa Wengerkievicz Lopes
Atualizado em: 16/03/2022
A imunidade contra Covid-19, é um assunto que vem sendo muito estudado por especialistas de todo o mundo. Esses estudos são importantes na definição das estratégias de vacinação e também para entender a susceptibilidade de quem já se infectou anteriormente com o vírus.
De acordo com os estudos realizados pelos órgãos de saúde, já é possível explicar de maneira geral como nosso sistema imunológico responde quando entra em contato com o Coronavírus ou quando somos vacinados.
Quem pegou Covid-19 está imune?
No caso da Covid-19, são realizados estudos o tempo todo em busca dessas respostas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que se sabe até o momento é que a maior parte das pessoas recuperadas da infecção está menos sujeita a reinfecção por um intervalo de tempo variável, em geral um período de 3 meses. A maior parte das pessoas que se recuperam da infecção têm anticorpos contra o vírus. Porém, é importante dizer que não são todos, e que os anticorpos não são a único mecanismo de proteção imunológica contra os vírus.
Ainda não há evidências suficientes sobre a eficácia da imunidade mediada por anticorpos para garantir a precisão de um “passaporte de imunidade” ou “certificado livre de risco”. Portanto, dizer que está imune devido a presença de anticorpos e ignorar as recomendações de prevenção definidas pelos órgãos de saúde, pode trazer um grande malefício para a saúde pública, uma vez que não é possível dizer quanto tempo dura essa imunidade conferida, e nem a eficácia da imunidade para novas variantes circulantes, já que há muitos casos de reinfecção de Covid-19.
Entenda como desenvolvemos a resposta imune
De acordo com a OMS, a imunidade a um patógeno é desenvolvida a partir de uma infecção natural que ocorre, normalmente, em duas semanas. Isso funciona de modo que o corpo responde a uma infecção viral imediatamente com uma resposta inata e não específica na qual macrófagos, neutrófilos e células dendríticas atrasam o progresso do vírus e podem impedir que ele cause sintomas graves ou, até mesmo, qualquer sintoma. Esta é uma resposta não específica, mas que vem acompanhada de uma resposta adaptativa em que o corpo produz os anticorpos ligados diretamente ao vírus, que são proteínas chamadas de imunoglobulinas.
Além disso, o corpo é capaz de produzir as células T, que são responsáveis por reconhecer e eliminar outras células infectadas com o vírus.
A resposta adaptativa elimina o vírus do corpo e, se houver a presença desses anticorpos o suficiente, evita que a doença progrida para a forma grave e que haja reinfecção pelo mesmo vírus.
Quanto tempo depois de tomar a vacina da Covid-19 estarei imunizado?
Segundo o Instituto Butantan, cada organismo responde de uma forma diferente à vacinação, dependendo da faixa etária e do sistema imunológico individual. Em média, duas semanas após a segunda dose, o corpo é capaz de criar os anticorpos neutralizantes responsáveis por barrarem a entrada do vírus nas células.
É importante ressaltar que uma quantidade maior de anticorpos pode ser registrada até um mês após o fim da vacinação, dependendo de cada paciente.
É necessário tomar as duas doses da vacina contra o Coronavírus?
Sim, com certeza, e para os grupos indicados, também a dose de reforço. Com a circulação de novas variantes do vírus os estudos de eficácia de vacinas vem sendo constantemente atualizados para reestudar o esquema vacinal maximizando o nível e a duração da proteção.
O que significa imunidade de rebanho?
A imunidade de rebanho é a proteção indireta contra doenças infecciosas, que ocorre quando um número suficiente de indivíduos da comunidade é vacinadoa ou apresenta infecção prévia. Isso não significa que as pessoas que não foram vacinadas ou não foram infectadas são imunes. O que acontece é que em comunidades que apresentam grande nível de imunidade, o risco de infecção de pessoas que não estão imunes diminui pois as pessoas imunes funcionam como barreiras para dificultar a circulação do vírus.
Quando a cobertura vacinal do local é muito alta, o risco de doenças entre aqueles que não estão imunes pode se tornar semelhante ao daqueles que realmente se imunizaram.
Como saber se já desenvolvi anticorpos?
A única forma de saber se você desenvolveu anticorpos contra doenças, é realizando testes de COVID-19. Esses exames devem ser os sorológicos, que são capazes de avaliar se houve ou não contato prévio com o vírus e quais são os níveis de anticorpos presentes no organismo. Lembrando que mesmo que tenha desenvolvido anticorpos, você pode se contaminar e contaminar outras pessoas.
Como funciona o exame de anticorpos neutralizantes
O exame de Anticorpos Neutralizantes é indicado a partir do 21º dia do início dos sintomas ou em caso de suspeita que teve contato com o vírus há mais de 21 dias, ou após pelo menos 21 dias da administração do esquema vacinal completo. Ele é feito através de uma coleta de sangue, onde é possível analisar se é reagente ou não reagente.
Para realizá-lo, utiliza-se o método ELISA. Este teste pesquisa a capacidade dos anticorpos desenvolvidos pelo organismo neutralizarem as partículas virais. Os níveis de anticorpos neutralizantes tem sido correlacionados com a eficácia das vacinas, mas em nível individual é importante considerar que existem muitas outras variáveis que determinam o risco de contágio e o comportamento clínico, como por exemplo a variante viral e a intensidade da exposição (carga viral), além de aspectos individuais.