Streptococcus pyogenes: a bactéria por trás de infecções perigosas

Streptococcus pyogenes

O Streptococcus pyogenes é uma bactéria capaz de causar desde infecções leves, até quadros graves e potencialmente fatais, como a fasciíte necrosante, popularmente chamada de "bactéria devoradora de carne". Essa infecção pode provocar destruição rápida e extensa dos tecidos, tornando essencial a adoção de medidas preventivas.

Streptococcus pyogenes: o que é?

O Streptococcus pyogenes, também conhecido como estreptococo do grupo A, é uma bactéria altamente contagiosa que pode causar infecções leves, como faringite e amigdalite, até doenças mais graves. Entre essas complicações está a escarlatina, caracterizada por uma erupção cutânea avermelhada, e a febre reumática, que pode afetar o coração, articulações, pele e sistema nervoso.

A bactéria também pode levar à fasciíte necrosante, uma infecção agressiva que destrói os tecidos da pele até camadas mais profundas. À medida que a infecção avança, surgem bolhas, úlceras e manchas escuras, resultando na necrose da pele.

Esse efeito devastador ocorre porque a bactéria pode produzir uma toxina chamada NDAse, uma enzima capaz de destruir as células do organismo hospedeiro, levando à morte do tecido afetado. Esse processo pode se espalhar rapidamente, exigindo intervenção médica imediata para evitar complicações fatais.

Além disso, o quadro pode desencadear a síndrome do choque tóxico, uma condição potencialmente fatal em que toxinas bacterianas causam uma intensa resposta inflamatória no organismo, levando à queda da pressão arterial e falência de múltiplos órgãos.

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Fatores de risco

Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolver uma infecção grave pelo Streptococcus pyogenes.

Pessoas que tiveram infecções virais recentes, como gripe ou varicela, estão mais suscetíveis, assim como indivíduos imunossuprimidos, incluindo aqueles com câncer, diabetes, doenças cardíacas, pulmonares ou renais crônicas, além de condições dermatológicas que facilitam a entrada da bactéria no organismo.   

Ainda, outras condições que podem aumentar a vulnerabilidade à infecção são: 

  • Traumas na pele 

  • Cirurgias recentes  

  • Queimaduras 

  • Infecção por HIV 

  • Uso de drogas intravenosas 

  • Obesidade 

Como ocorre a transmissão do Streptococcus pyogenes?

A transmissão da bactéria Streptococcus pyogenes ocorre com facilidade. O contágio pode acontecer pelo contato com secreções, espirros, tosse ou pelo compartilhamento de utensílios, especialmente em pessoas com imunidade baixa ou que possuem condições que aumentam o risco de infecção. 

Por isso, a prevenção da infecção envolve a redução dos fatores de risco e a adoção de medidas de higiene para limitar a exposição à bactéria. Um exemplo é evitar e tratar lesões na pele e micoses, pois essas condições podem servir como porta de entrada para a infecção, especialmente em pessoas com imunidade comprometida. De acordo com um alerta epidemiológico da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), houve um aumento significativo na notificação de casos e óbitos por esse agente na América Latina em 2023, destacando a importância da vigilância e prevenção. 

Além disso, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) destaca três pilares fundamentais para a prevenção: limitar a exposição e propagação da bactéria, tratar rapidamente as infecções identificadas e, quando necessário, utilizar antibióticos preventivos para reduzir o risco de complicações. Lembrando que a prescrição de antibiótico deve ser feita sob orientação médica com o objetivo de evitar um outro problema de saúde pública atual, que é a resistência bacteriana aos antibióticos. 

Outra medida importante para evitar esse tipo de infecção em pacientes com diabetes é o controle adequado dessa condição.

Sintomas da infecção por Streptococcus pyogenes

Os sintomas da infecção por Streptococcus pyogenes variam conforme a região afetada e a gravidade do quadro. Quando a infecção atinge a garganta, os principais sinais incluem dor intensa ao engolir, febre e inflamação da garganta. Já nas infecções cutâneas, como o impetigo, podem surgir vermelhidão, inchaço, febre, descamação e formação de abscessos com acúmulo de pus.

Nos casos mais graves, a bactéria pode causar quadros como a fasciíte necrosante, uma infecção severa que leva à necrose da pele e tecidos profundos, podendo evoluir para uma infecção generalizada, como a síndrome do choque tóxico. Esse estágio pode resultar em queda brusca da pressão arterial, falência múltipla dos órgãos e, em alguns casos, óbito.

Além disso, sintomas gastrointestinais, como náuseas e vômitos, podem ocorrer devido às toxinas liberadas pela bactéria e à má circulação provocada pelo choque séptico.

Como é feito o diagnóstico da infecção por Streptococcus pyogenes?

O diagnóstico da infecção por Streptococcus pyogenes é feito com base na avaliação médica dos sintomas e em exames laboratoriais que confirmam a presença da bactéria no organismo.

Um dos principais testes utilizados é o exame de antiestreptolisina O (ASLO), que detecta anticorpos produzidos pelo sistema imunológico em resposta à infecção. Esse exame é simples e pode exigir um período de jejum de 4 a 8 horas, conforme orientação médica ou do laboratório.

Além disso, outros exames podem ser solicitados para uma identificação mais rápida e precisa. O teste rápido para estreptococo, por exemplo, é amplamente utilizado em casos de amigdalite e faringite, permitindo um diagnóstico imediato e agilizando o início do tratamento. Já a cultura de secreção, realizada a partir de amostras coletadas da garganta, ajuda a confirmar a presença da bactéria em infecções respiratórias.

Em caso de infecções graves, pode ser solicitada hemocultura para identificação do microrganismo na corrente sanguínea.

Qual médico devo procurar?

O profissional mais indicado para tratar infecções causadas pelo Streptococcus pyogenes depende da gravidade e da localização do problema. Para casos mais leves, um clínico geral pode fazer o diagnóstico e indicar o tratamento adequado. Quando a infecção afeta a pele, como no impetigo, um dermatologista pode ser consultado.

Já para infecções mais graves ou recorrentes, um infectologista é o especialista mais indicado, pois ele avalia e trata infecções bacterianas complexas.

Qual tratamento mais indicado?

O tratamento varia conforme a gravidade do caso. Em infecções mais simples, como faringite e amigdalite, o uso de antibióticos orais costuma ser suficiente. No entanto, em quadros mais severos, como a síndrome do choque tóxico, a hospitalização é essencial, com suporte intensivo que pode incluir antibióticos endovenosos, além de medicamentos para estabilizar a pressão arterial, ventilação mecânica e hemodiálise.

Já na fasciíte necrosante, além do tratamento com antibióticos, é indispensável a remoção cirúrgica dos tecidos comprometidos para impedir a progressão da infecção.

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Fonte: Dra. Luisa Frota Chebabo - Infectologista

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