Diabetes Mellitus: o que é, tipos, sintomas, diagnóstico e tratamentos

diabetes mellitus

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica caracterizada pela elevação dos níveis da glicose (açúcar) no sangue, condição esta denominada de hiperglicemia. A hiperglicemia, por sua vez, quando não tratada pode resultar em dano ao coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos. O DM pode resultar tanto da resistência à ação da insulina (hormônio produzido pelo pâncreas) como de deficiência na sua produção.  
 
No Brasil e no mundo o número de pacientes com a doença só aumenta. Segundo dados de 2024 da OMS (Organização Mundial da Saúde), nos últimos 14 anos a prevalência do DM no Brasil passou de 7% para 14%, aumento este diretamente relacionado com a epidemia da obesidade.  

O que é diabetes mellitus? 

O Diabetes Mellitus é uma doença metabólica crônica caracterizada pela elevação dos níveis da glicose (açúcar) no sangue, condição esta denominada de hiperglicemia. O DM pode resultar tanto da resistência à ação da insulina, como de deficiência na sua produção.  
 
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e que permite a entrada da glicose do sangue para dentro das células, para que seja utilizada como fonte de energia. Quando a produção de insulina é insuficiente ou quando o corpo desenvolve resistência à sua ação, a glicose não consegue entrar nas células de forma eficiente. Então, ela se acumula no sangue, levando à hiperglicemia.

A longo prazo, níveis elevados de glicose no sangue podem causar danos em diversos órgãos e sistemas do corpo, incluindo coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos. Essa condição pode levar a complicações sérias, como doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), cegueira, insuficiência renal e neuropatia diabética. 

Diferença entre Diabetes e Diabetes mellitus  

Não há diferença entre os termos, ou seja, eles podem ser usados como sinônimos.

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Tipos de diabetes mellitus 

Diabetes mellitus tipo 1

O Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é causado pela destruição das células beta pancreáticas (responsáveis pela produção da insulina), geralmente de origem autoimune, ou seja, o sistema imunológico do organismo ataca e destrói as células beta do pâncreas, resultando em deficiência abrupta e grave na produção desse hormônio. 
 

O DM 1 pode ser diagnosticado em qualquer idade. Embora seja o tipo mais comum de DM em crianças e adolescentes, dados recentes indicam que atualmente há mais casos novos de DM 1 diagnosticados na vida adulta do que na infância e adolescência.

As causas exatas do DM1 ainda não são completamente conhecidas, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenhem um papel importante no seu desenvolvimento. Pessoas com histórico familiar de DM1 têm maior risco de desenvolver a doença.

Como no DM1 ocorre a destruição das células responsáveis pela produção da insulina, o tratamento da doença consiste no uso diário de insulina, seja por meio de injeções ou bomba de insulina, além do monitoramento constante da glicose no sangue.

Diabetes mellitus tipo 2

O Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é o tipo mais comum de diabetes, representando cerca de 90% dos casos no Brasil. Está frequentemente associado à obesidade e ao envelhecimento. Tem início insidioso e é caracterizado por resistência à insulina e deficiência parcial de secreção de insulina, além de alterações na secreção de incretinas.  As incretinas são hormônios produzidos no intestino que regulam a glicemia, o apetite e a digestão.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do tipo 2 são sobrepeso e obesidade, sedentarismo e má alimentação. Outros fatores de risco incluem histórico familiar de diabetes, idade avançada, hipertensão arterial e aumento dos triglicerídeos.

A prevenção do diabetes tipo 2 envolve a adoção de um estilo de vida saudável, com a prática de atividades físicas, uma dieta baseada em alimentos naturais e integrais, controle do peso e evitar o consumo de álcool e tabaco.

Diabetes mellitus gestacional

O Diabetes Mellitus gestacional (DMG) é um tipo de diabetes que se desenvolve durante a gravidez em mulheres que não tinham a doença antes. O DMG afeta 3 a 5% das gestações, dependendo do grupo étnico e do critério diagnóstico utilizado.  
 
O DMG acontece em mulheres com predisposição genética para a condição e é causado por alterações hormonais características da gravidez, que podem levar à aumento da resistência à insulina. 

  
Se não controlado, o DMG pode trazer riscos para a mãe e para o bebê, como aumento do risco de parto prematuro, macrossomia fetal (bebê com peso excessivo ao nascer), hipoglicemia neonatal e maior probabilidade de a mãe desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

Causas do diabetes mellitus

A Diabetes Mellitus é doença multifatorial, ou seja, vários fatores podem estar associados ao seu desenvolvimento. Mas dois deles são predominantes: 

  • Fatores genéticos e hereditários: no DM1 a presença de certos genes aumenta a susceptibilidade à destruição das células beta pelo sistema imunológico. Já o DM2 resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, sendo muito comum a presença de história familiar de diabetes. 

  • Estilo de vida: sedentarismo, obesidade/ sobrepeso e o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares e gorduras são fatores de risco importantes para o desenvolvimento do DM2. A falta de atividade física, o excesso de peso e o aumento da gordura intra-abdominal contribui para a resistência à insulina. 
     

Existem ainda causas mais raras de diabetes como a presença de mutações em genes que afetam a função das células beta pancreáticas (defeitos monogênicos) e a destruição do pâncreas, seja decorrente de pancreatite (inflamação do pâncreas), trauma ou por ação de certos medicamentos.

Sintomas do diabetes mellitus

Frequentemente, não há sintomas do diabetes. Mas, de acordo com Sociedade Brasileira de Diabetes, os principais sinais e sintomas típicos da condição são:  
 

  • Poliúria: eliminação de volume urinário superior a 3 litros em 24 horas em adultos; 

  • Polidipsia: sede excessiva e persistente; 

  • Polifadiga: fadiga intensa e persistente; 

  • Perda de peso inexplicada; 

  • Desidratação 

E os sinais e sintomas sugestivos de diabetes são: 
  

  • Noctúria: necessidade de levantar-se durante a noite para urinar, interrompendo o sono; 

  • Visão turva; 

  • Cansaço; 

  • Infecções recorrentes, como candidíase e periodontite; 

  • Má cicatrização de férias. 

Diagnóstico e exames para diabetes mellitus

Os principais exames utilizados no diagnóstico da diabetes mellitus são a glicemia em jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c) e o teste de tolerância à glicose (curva glicêmica).

Nem sempre o diagnóstico diferencial entre os tipos de diabetes é evidente. Além disso, tento em vista o risco maior risco de DM1 em familiares portadores da doença, com frequência faz-se necessária a dosagem dos autoanticorpos pancreáticos para esclarecimento diagnóstico e orientação dos familiares.

Os principais autoanticorpos usados para a confirmação do DM1 são:

  • Anticorpos do anti-descarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD) 

  • Anticorpo anti-tirosina fosfatase (anti-IA2) 

  • Anticorpo anti – transportador de zinco (anti-ZnT8) 

  • Anticorpo anti -insulina (anti-insulina) 

  

A pesquisa de anticorpos é mais sensível se feita ao diagnóstico ou nos primeiros 3 anos seguintes, estando presente em 60-80% daqueles com diagnóstico de DM1 na vida adulta. Nos anos subsequentes, os títulos caem e grande parte dos pacientes não têm anticorpos mensuráveis. O anticorpo mais frequentemente positivo em adultos é anti GAD.

A dosagem do Peptídeo-C  seria mais um marcador que pode nos auxiliar na diferenciação entre os tipos de diabetes. O peptídeo C permite avaliar a reserva de produção de insulina. Em paciente com DM1, por exemplo, onde não há produção de insulina, os níveis de Peptídeo C são baixos (< 0,6 ng/mL) enquanto no DM2 os níveis são frequentemente normais, podendo, entretanto, cair ao longo do tempo, à medida em que o pâncreas destes pacientes vai perdendo a capacidade de produzir insulina.

Em emergências, a análise de urina pode ser solicitada, já que pode detectar a presença de glicose (glicosúria) e corpos cetônicos (cetonúria). A glicosúria ocorre quando os níveis de glicose no sangue ultrapassam a capacidade dos rins de reabsorvê-la. A cetonúria pode indicar deficiência grave de insulina, especialmente no diabetes tipo 1.

Tratamento para diabetes mellitus

O tratamento do diabetes mellitus varia de pessoa para pessoa e também de acordo com o tipo de diabetes: 1 ou 2. Mas, em todos os casos, são recomendadas mudanças no estilo de vida. Ou seja, investir em uma alimentação balanceada, rica em fibras e pobre em açúcares simples, aliada à prática regular de exercícios físicos. Além disso, evitar o consumo de álcool e tabaco contribui para a saúde de forma geral.

No DM1, o tratamento essencial é a reposição de insulina por meio de injeções diárias ou bomba de insulina. No DM2, o tratamento pode envolver o uso de antidiabéticos orais, que ajudam a aumentar a produção de insulina pelo pâncreas, melhorar a sensibilidade à ação da insulina, diminuir a produção de glucagon pelo fígado (hormônio este que aumenta a glicose no sangue) e aumentar a perda de glicose na urina.

Em alguns casos, pacientes com DM2, em especial portadores da doença de longa data, podem e evoluir com falência gradativa na produção de insulina e necessitar fazer uso de insulina.

É recomendado, em especial para os pacientes em uso de insulina, que façam uso de dispositivos (como glicosímetros) para o acompanhamento diário dos níveis de açúcar no sangue. Assim, podem fazer eventuais ajustes na dieta e na medicação.

Qual médico procurar?

O clínico geral pode realizar o acompanhamento inicial de pacientes com diabetes, especialmente nos casos mais leves, mas é o médico endocrinologista o mais indicado para diagnosticar, prescrever o tratamento e acompanhar pacientes com diabetes, ajustando as medicações e orientando sobre o controle da doença.

Prevenção e cuidados essenciais

O diagnóstico precoce do diabetes é fundamental para iniciar o tratamento o mais rápido possível e, assim, prevenir danos irreversíveis nos órgãos e também evitar ou retardar o desenvolvimento de complicações.

A prevenção ou controle da doença passa por medidas como:

  • Adoção de uma dieta rica em alimentos integrais, frutas, vegetais e fibras; 

  • Prática regular de atividade física; 

  • Evitar o consumo excessivo de açúcares, gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados. 

  • Controlar fatores de risco associados, como hipertensão, aumento dos triglicerídeos e aumento do colesterol e a esteatose hepática (aumento da gordura no fígado) 

  • Evitar o tabagismo 

Por fim, é fundamental um acompanhamento médico regular para monitorização do controle glicêmico assim como controle da função renal, avaliação oftalmológica e   dos pés, com o objetivo de diagnosticar e tratar precocemente eventuais complicações relacionadas com o diabetes.

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Fonte: Dra. Yolanda Schrank - Endocrinologista

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