Com sintomas semelhantes aos da dengue, a febre oropouche tem ganhado cada vez mais espaço no noticiário brasileiro. Além do aumento do número de casos em diversas regiões, foram confirmadas as primeiras mortes por febre do oropouche no país em julho de 2024.
O que é a Febre Oropouche?
A Febre Oropouche é uma doença causada pelo vírus Oropouche, transmitido principalmente por mosquitos do gênero Culicoides, conhecidos como mosquitos-pólvora.
O oropouche vírus (OROV), pertencente à família Bunyaviridae foi Identificado pela primeira vez na cidade de Oropouche, em Trinidad e Tobago, na década de 1950, e já provocou surtos em países da América do Sul, especialmente no Brasil, Peru e Panamá.
A doença tem um período de incubação curto, de aproximadamente 4 a 8 dias, após o qual os sintomas começam a aparecer. Estes sintomas são semelhantes aos da dengue, o que pode levar a diagnósticos errados e subnotificação.
Como ocorre a transmissão da Febre Oropouche?
A principal forma de transmissão da Febre Oropouche é através da picada dos mosquitos Culicoides paraenses, conhecidos por se reproduzirem em ambientes úmidos e ricos em matéria orgânica, como áreas alagadiças e florestas tropicais.
Além dos mosquitos, há registros de transmissão por outros artrópodes, mas esses casos são menos comuns.
A disseminação do vírus pode ser facilitada pela urbanização desordenada e pela proximidade de áreas florestais com centros urbanos. Em regiões onde há alta densidade populacional e condições favoráveis à proliferação dos vetores, os surtos podem se espalhar rapidamente, afetando um grande número de pessoas em um curto período de tempo.
Formas de Prevenir
A prevenção da Febre Oropouche envolve principalmente o controle dos vetores e a proteção individual contra picadas de insetos. Medidas eficazes incluem:
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Uso de repelentes de insetos em áreas endêmicas;
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Instalação de telas de proteção em portas e janelas;
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Uso de mosquiteiros durante o sono;
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Eliminação de criadouros de mosquitos, como água parada em recipientes e lixo acumulado;
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Campanhas de conscientização sobre a importância da limpeza e do saneamento básico.
Além disso, é fundamental que as autoridades de saúde realizem monitoramento constante das populações de vetores e implementem medidas de controle ambiental, como a aplicação de inseticidas em áreas de risco.
Sintomas da Febre Oropouche
Os sintomas da Febre Oropouche podem variar de leves a graves, sendo os mais comuns:
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Febre alta e de início súbito;
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Dor de cabeça intensa;
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Dor muscular e nas articulações;
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Náuseas e vômitos;
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Fadiga e mal-estar generalizado.
Entre os sintomas menos frequentes, podem ocorrer:
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Erupções cutâneas;
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Dor retro-orbital (atrás dos olhos);
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Sensibilidade à luz;
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Tontura.
Em alguns casos, a doença pode evoluir para formas mais graves, com manifestações neurológicas, como meningite e encefalite, especialmente em pacientes com sistemas imunológicos comprometidos.
Como é feito o diagnóstico da Febre Oropouche?
O diagnóstico da Febre Oropouche é feito através de exames laboratoriais. O exame mais importante para confirmar o diagnóstico é o exame de sangue para detecção do vírus Oropouche através do PCR.
Outros exames, como o hemograma e as provas de função hepática, podem ser solicitados para avaliar a gravidade da doença e acompanhar a evolução do paciente.
Formas de Tratamento
Não existe um tratamento específico para a Febre Oropouche. O tratamento é sintomático, ou seja, visa aliviar os sintomas da doença. Os medicamentos mais utilizados são os analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor e a febre.
Em casos mais graves, o paciente pode precisar ser hospitalizado e receber tratamento de suporte, como hidratação intravenosa.
Atendimento Domiciliar sem taxa de deslocamento
A maioria dos casos de Febre Oropouche pode ser tratada em casa, com acompanhamento médico. É importante que o paciente siga as orientações médicas, utilize os medicamentos prescritos e procure atendimento médico caso os sintomas se agravem ou não melhorem após alguns dias.
Autora: Alberto Chebabo, infectologista da Dasa e presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).