Autora: Dra. Andrea Faria Dutra Fragoso Perozo, Coordenadora da assessoria médica de Análises clínicas da Dasa-RJ.
O açúcar é uma importante fonte de energia para o nosso corpo. No entanto, quando os níveis dele estão baixos na nossa corrente sanguínea, podemos apresentar sintomas de hipoglicemia. Nesse caso, é importante confirmar o diagnóstico por meio de exames para seguir com o tratamento adequado.
A seguir, saiba mais sobre os sintomas e quais são os exames indicados para monitorar o açúcar no sangue e diagnosticar a hipoglicemia.
O que é hipoglicemia?
O termo "hipoglicemia" vem do latim "hypo" que significa "baixo" + "glicemia" que significa "açúcar no sangue". Portanto, a hipoglicemia é o quadro em que ocorre "queda do açúcar no sangue ".
Consideramos um quadro de hipoglicemia quando o açúcar no sangue cai a níveis abaixo de 70 mg/dl. A SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) ainda classifica a hipoglicemia em três níveis:
-
Nível 1: Com valores entre 54 e 70mg/dL.
-
Nível 2: Com valores abaixo de 54 mg/dL.
-
Nível 3: Ou hipoglicemia grave (independentemente do valor) caracterizada por alterações mentais ou estado físico que exijam assistência para reverter.
Sintomas de Hipoglicemia
Os sintomas da hipoglicemia incluem:
-
Tremor;
-
Calafrios;
-
Tontura;
-
Taquicardia (coração acelerado);
-
Confusão mental;
-
Fome;
-
Enjoo;
-
Sonolência;
-
Visão turva;
-
Fome constante;
-
Dor de cabeça;
-
Sensação de formigamento;
-
Convulsões e perda da consciência em casos mais graves.
Qual a importância da glicose no sangue?
A glicose é um nutriente essencial ao nosso organismo, funcionando como um combustível que nos dá energia para exercermos as atividades do dia a dia.
Apenas diabéticos podem apresentar sintomas de hipoglicemia?
Não. Apesar de rara, a hipoglicemia pode ocorrer em pessoas sem diabetes. A hipoglicemia em pacientes diabéticos é a complicação aguda mais comum da doença.
É mais frequente dentre os aqueles que fazem uso de insulina, mas também pode acontecer nos diabéticos que apenas usam medicações orais.
Leia mais: Pré-diabetes: sintomas, causas e tratamento
Causas da hipoglicemia
A hipoglicemia pode ser causada por diferentes fatores. Confira a seguir os mais comuns.
1. Em diabéticos: a causa mais frequente são doses excessivas, inadequadas ou inoportunas de insulina, ou medicações orais que aumentam a secreção de insulina;
2. Em não diabéticos:
-
Consumo de álcool em excesso: o álcool tem efeito sobre os níveis de açúcar no sangue, que podem aumentar e baixar rapidamente, especialmente se a pessoa não tiver se alimentado antes de ingerir a bebida;
-
Excesso de atividade física sem alimentação prévia, principalmente em pessoas iniciando a prática;
-
Pular refeições ou fazer jejum excessivo: pois as células vão consumir o açúcar para gerar energia.
-
Tumores: tais como um tumor no pâncreas chamado insulinoma, que produz muita insulina.
-
Graves doenças do rim e fígado: esses órgãos são importantes produtores de glicose no jejum (por um processo chamado gliconeogênese) e, quando não estão funcionando bem, esse processo também é prejudicado.
-
Baixos níveis de hormônios que habitualmente atuam como contrarreguladores da insulina (ou seja, elevando o açúcar no sangue). Exemplos: cortisol, hormônio do crescimento e glucagon (hormônio produzido pelo pâncreas).
-
Cirurgia de redução do estômago: nesse caso, a comida passa rapidamente no intestino e isso faz com que a liberação da insulina seja mais rápida que a absorção da glicose do alimento.
Dicas para evitar a hipoglicemia e os seus sintomas
Algumas dicas simples podem ajudar a evitar a hipoglicemia:
-
Alimente-se antes de realizar exercícios não habituais ou intensos;
-
Não pule nenhuma das suas refeições regulares;
-
A composição da refeição para prevenção da hipoglicemia deve incluir carboidratos (como pão e suco de laranja), fibras (como alimentos integrais, feijão ou leguminosas e verduras), proteína (carnes, ovos, queijo ou leite) e gorduras (como azeite e castanhas).
-
Se você possui diabetes e usa insulina, faça o monitoramento constante da glicemia para ajustes na dose e na sua rotina. Esse monitoramento pode ser feito por meio do uso do glicosímetro, um aparelho portátil utilizado para medir os níveis de glicose, ao menos antes das refeições e antes de dormir. Mas também existem atualmente sensores de monitorização subcutâneos que permitem essa verificação de forma frequente.
Lembre-se que é importante informar ao seu médico se você está tendo episódios frequentes de hipoglicemia para que ele avalie as causas e faça os ajustes necessários no seu tratamento.
Além disso, é importante ressaltar que os alimentos para tratar a hipoglicemia não são os mesmos que os indicados para a prevenção.
Para o tratamento da hipoglicemia, os carboidratos simples devem ser consumidos isoladamente, sem associar fibras, proteína ou gordura, pois esses podem retardar o esvaziamento gástrico e podem atrasar a correção da glicemia. O consumo de chocolates, biscoitos recheados e leite não é recomendado.
Já para prevenção das hipoglicemias é extremamente importante acrescentar aos carboidratos as fibras, proteínas e gorduras.
Exames indicados para acompanhar os níveis de açúcar no sangue
Os exames indicados para acompanhar os níveis de açúcar no sangue são:
Glicemia de jejum: utilizado tanto para diagnosticar quanto para monitorar o diabetes. Ele avalia os níveis de glicose no sangue. Recomenda-se que o exame de glicemia seja realizado após um jejum de oito horas para obter resultados mais precisos.
Esse teste é aconselhado para indivíduos com idade acima de 45 anos ou aqueles que apresentam fatores de risco. Em relação à pacientes já diagnosticados com diabetes, a frequência desse exame é determinada conforme as orientações médicas.
Hemoglobina glicada: também conhecido como hemoglobina glicosilada, é usada tanto para diagnosticar quanto para monitorar o diabetes. Este exame analisa as células do sangue e fornece a média de glicose ao longo do trimestre, sendo realizado sem a necessidade de jejum prévio.
A frequência desse teste para pacientes diabéticos varia conforme a recomendação médica, podendo ocorrer a cada três ou seis meses, dependendo da situação clínica individual.