O HTLV é uma sigla que quer dizer “vírus linfotrópico de células T humanas”. Ele é um vírus que infecta os linfócitos T, células de defesa essenciais para o sistema imunológico do nosso corpo.
Apesar de ter sido descoberto em 1980, antes mesmo que seu “primo” mais famoso, o HIV, ele ainda é um pouco conhecido da população. Continue a leitura para saber mais sobre o que ele causa e suas formas de transmissão.
HTLV: o que é?
O HTLV (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas) é um tipo de retrovírus, assim como o HIV (vírus da imunodeficiência humana). O HTLV infecta os linfócitos T, células do sistema imunológico, e pode permanecer latente por muitos anos sem causar sintomas.
O HTLV foi descoberto na década de 1980, mas ainda é pouco conhecido – embora não seja uma raridade. Dados do Ministério da Saúde brasileiro indicam que entre 800 mil e 2,5 milhões de pessoas vivem com o vírus; mundialmente, a estimativa é de que até 20 milhões de pessoas estejam infectadas.
Diferentemente do HIV, no entanto, o HTLV não leva à AIDS, mas pode causar outras doenças graves, como leucemia e outros tipos de câncer e problemas neurológicos. No entanto, na maioria das vezes, as pessoas infectadas não apresentam nenhum sintoma ou manifestação.
Tipos do vírus HTLV
Os vírus HTLV são classificados em quatro tipos distintos: HTLV 1, HTLV 2, HTLV 3 e HTLV 4. Cada um desses tipos apresenta diferenças em termos de patogenicidade, distribuição geográfica e impacto na saúde humana. Confira a seguir.
HTLV 1
O HTLV 1 é o tipo mais comum e mais estudado desse vírus. Ele é associado a doenças graves, como a leucemia/linfoma de células T do adulto (ATLL), e à mielopatia associada ao HTLV 1 (HAM/TSP).
HTLV 2
Embora seja considerado menos agressivo que o HTLV 1, o HTLV 2 está associado a algumas doenças neurológicas e imunológicas.
HTLV 3 e HTLV 4
Tanto o HTLV 3 como o HTLV4 foram descobertos mais recentemente na África. No entanto, pouco se sabe ainda sobre doenças associadas e o impacto deles na saúde humana.
Como o vírus HTLV é transmitido?
A principal forma de transmissão do HTLV 1 e 2 é por meio de contato sexual sem proteção. Outras formas de transmissão incluem:
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Transmissão de mãe para filho durante a gravidez ou parto (menos comum);
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Transmissão de mãe para filho por meio da amamentação;
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Compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas;
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Transplante de órgãos ou tecidos.
Quais são os riscos?
Os riscos associados à infecção pelo HTLV variam de acordo com o tipo de vírus e a saúde geral do indivíduo. O HTLV 1, por exemplo, está associado a um risco potencial de desenvolvimento de leucemia e de doenças neurológicas graves.
Já o tipo 2 está associado a algumas doenças neurológicas e imunológicas, embora não seja tão patogênico quanto o tipo 1.
Sintomas da infecção pelo HTLV
A maioria das pessoas infectadas pelo HTLV permanece assintomática por toda a vida. Dos infectados, cerca de 5% apresentarão algumas doenças associadas a esse vírus, como doenças neurológicas, oftalmológicas, dermatológicas, urológicas e hematológicas.
Na forma aguda, que pode ser um quadro bastante agressivo e grave, pode haver:
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Fadiga;
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Febre;
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Inchaço dos gânglios linfáticos;
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Dores musculares e articulares;
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Erupções cutâneas;
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Perda de peso.
Qual médico devo procurar?
Se você suspeita de uma infecção pelo HTLV, é aconselhável procurar um médico infectologista, que é o profissional capacitado a diagnosticar e orientar o melhor tratamento.
Como é feito o diagnóstico da infecção pelo HTLV?
O diagnóstico do HTLV é realizado através de exames de sangue que detectam anticorpos específicos contra o vírus, como o ELISA ou o quimioluminescência. Uma vez que esses testes tenham dado positivo para a presença do vírus, é necessário fazer um novo teste para confirmação do diagnóstico.
Nessa segunda etapa, pode-se usar técnicas como Western-blot (WB), INNOLIA, reação de polimerase em cadeia (PCR) ou imunofluorescência indireta.
No caso do Western-blot e da PCR, eles também permitem distinguir a infecção por HTLV 1 e HTLV 2, permitindo uma orientação mais assertiva após o diagnóstico.
Lembrando que o diagnóstico pode ser feito após sintomas suspeitos ou durante exames de check-up e pré-natal, especialmente em pessoas que tiveram maior exposição a situações com risco de contaminação.
Formas de prevenir
Não existe cura para a infecção pelo HTLV. A principal forma de evitar a infecção, portanto, é por meio de medidas de prevenção, que são:
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Prática de sexo seguro, ou seja, com o uso de preservativo;
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Evitar o compartilhamento de objetos pessoais;
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No caso de mães infectadas, considerar alternativas ao aleitamento materno.
Tratamento
Atualmente, não há cura para a infecção pelo vírus HTLV. No entanto, existem tratamentos disponíveis para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas infectadas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento da infecção pelo HTLV deve ser direcionado de acordo com a doença associada ao vírus. Sendo assim, algumas das opções de tratamento incluem:
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Imunossupressores, para tratar doenças autoimunes associadas ao HTLV, como a artrite reumatóide e a uveíte;
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Medicamentos anti-inflamatórios, para aliviar os sintomas de doenças inflamatórias, como a polimiosite e a mielite transversa;
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Analgésicos, para controlar a dor;
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Fisioterapia, para melhora de força, flexibilidade e amplitude de movimento das pessoas com problemas musculares ou neurológicos;
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Terapia ocupacional, no caso de pessoas com problemas de função motora fina para realizar as atividades diárias;
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Aconselhamento psicológico, que pode ajudar as pessoas a lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão que podem acompanhar a infecção pelo HTLV.
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Autora: Dra. Sumire Sakabe, médica infectologista do Hospital Nove de Julho (SP).